Quando conto essa história muita gente me convida para pescar ou perguntam o que sou, motoqueiro ou pescador. Pois asseguro que tudo que vão ler a seguir é verdade, e até posso apresentar o Zeca a quem quiser confirmar sua veracidade.
Vamos lá!
Por ser um lugar paradisíaco encravado no meio da Serra do Mar, que por si só já é maravilhosa, a Estrada da Graciosa, é um lugar muito agradável de se ear de moto e fica a apenas aproximados 50 km de Curitiba, tornando-se um programa bastante barato e ível que atrai centenas de motociclistas todos os finais de semana. É lá que costumo ir quando o nível de stress está alto pois basta ar algumas horas lá para voltar com as baterias recarregadas e pronto para mais uma semana de trabalho.
Num desses eios de moto com meu irmão, dois amigos e dois primos, um deles o Zeca (abreviatura de José Carlos), paramos num mirante que tem bem no alto da serra e início da parte sinuosa da Estrada da Graciosa. O Zeca deu uma sumida pra “tirar água do joelho” e assim que voltou seguimos nosso eio.
Continuamos até o pé da serra, um lugar chamado Porto de Cima, e paramos num boteco pra tomar e comer algo. Na hora de cada um pagar a sua conta, o Zeca deu por falta da carteira que estava no bolso de trás da calça jeans. Resultado: amos o resto do dia, até pertinho do anoitecer, refazendo de volta todo o trajeto e as mesmas paradas da ida, em cada lugar fazendo um tipo de pente-fino, atrás da famigerada carteira do Zeca que continha, além de algum dinheiro, todos os documentos dele e da moto. Mas o nosso esforço de nada adiantou e voltamos pra casa sem achar a maldita carteira que estragou o nosso dia.
Conformado, já na segunda-feira, o Zeca começou a colher informações com os órgãos competentes quanto às providências necessárias para obtenção de segundas-vias de toda a documentação. É de arrepiar o que se tem que fazer para obtê-las junto ao Detran e Instituto de Identificação, até anúncio em jornal seria preciso pra conseguir nova via da cédula de identidade.
No meio da tarde toca o telefone e ao atendermos, nosso interlocutor pergunta se conhecíamos uma pessoa chamada José Carlos de Tal. Respondemos prontamente que sim e a pessoa disse-nos que havia achado naquele mirante que citei no início do relato, uma carteira contendo dinheiro e documentos, e deu-nos o endereço para que fôssemos buscá-la, atitude desinteressada e cidadã que caracteriza uma pessoa do bem.
Mas o motivo desse causo é contar-lhes a forma inusitada com que a carteira foi achada.
A pessoa contou-nos que eava de carro com sua esposa e seu cachorrinho poodle e parou naquele local para que o cachorrinho fizesse as necessidades.
Solto o cachorrinho começou a andar pelo mirante e num determinado momento começou a latir para um buraco no chão – buraco raso de onde teria sido arrancado algum pequeno poste de uma placa ou coisa parecida. Continuando o relato, essa pessoa achou que podia ser algum rato ou réptil que tivesse se refugiado nesse buraco mas não deu muita importância e tratou de pegar seu cachorro e levá-lo para o carro, afim de continuar seu eio.
Mas mesmo dentro do carro o cachorro não parava de latir despertando a curiosidade do seu dono que o soltou e ele foi direto para o buraco, onde continuou a latir, tentando dizer alguma coisa.
O dono do cão se aproximou do buraco e olhando atentamente para o seu interior, adivinhem só o que ele viu?
Claro, né, só podia ser a carteira do Zeca.
Como havia dentro da carteira um papel com o nosso telefone anotado, foi fácil para ele ligar, entrar em contato conosco e nos devolver a carteira intacta, inclusive com o dinheiro, livrando o Zeca de um calvário pra obter toda aquela documentação de volta.
Tudo graças a um cãozinho inteligente, teimoso e persistente. Até o próprio dono ficou surpreso com a atitude do bichinho.
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