Você já deve ter notado que o desempenho de um mesmo modelo de moto pode variar conforme o país onde é vendido. A BMW F 850 GS, por exemplo, entregava 95 cv no exterior, mas ‘apenas’ 80 cv no Brasil. Isso acontece por uma série de razões e, eventualmente, prejudica as estratégias das fabricantes.
Porém, há casos em que as marcas reduzem a potência das motos propositalmente! Este fenômeno ocorre especialmente na Europa, mas por quê? A explicação é simples: para vender ‘motos maiores’ a motociclistas ‘menos habilitados’. Entenda.
Marcas reduzem potência das motos na Europa
No Brasil, a habilitação para conduzir motos permite rodar com modelos de qualquer marca, cilindrada ou potência. Porém, na Europa, a ‘carta de moto’ é organizada em quatro categorias: AM, A1, A2 e A. Cada uma se divide não somente referente à idade do motociclista, mas também aos níveis de potência dos veículos a serem conduzidos.
E, claro, cada habilitação serve como pré-requisito para a seguinte. Estão disponíveis as classes: AM (limite 50cc), A1 (limite 125cc), A2 (limite de 47 cavalos de potência) e A, que é irrestrita! Portanto, o jovem que começa a buscar sua carteira de moto, obrigatoriamente, terá que ar pelo menos dois anos em cada nível, até chegar a última classe.
A desejada categoria A2
Na prática, funciona assim: um jovem que tem interesse em pilotar motos começa pela AM, ou A1. Nesta fase, ele é limitado a motos pequenas e de baixa potência, o que aumenta sua expectativa em acelerar máquinas maiores. Ou seja: ele sonha com a habilitação A2.
Assim, a A2 recebe uma série de jovens motociclistas ávidos por mais desempenho. Paralelamente, também possui muitos pilotos que estão satisfeitos com o porte de suas motos, entendendo que 47 cavalos são suficientes para atender seu uso. E, portanto, não têm interesse em investir para subir de classe.
Desta forma, a A2 acaba sendo a categoria mais popular em muitos mercados da Europa. E, cientes disso, os fabricantes se viram para encaixar suas motos nesta classe – mesmo que isso signifique reduzir significativamente a potência de seus produtos.
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Potências das motos pode ser maior no Brasil
Vale tudo para enquadrar uma moto na categoria A2. Assim, as marcas costumam seguir basicamente dois caminhos: no mais comum, já desenvolvem as motos médias para produzir cerca de 47 cavalos. Quando am um pouco disso, reduzem a potência especificamente dos modelos que serão vendidos na Europa.
É o caso da nova Ninja 500. O modelo recebeu um novo motor, de 451 cc e que produzi 51 cv de potência. Entretanto, a versão vendida no Velho Mundo será limitada a 47 cv. E sim, isso já tinha acontecido com a Ninja 400, que produzia 48 cv aqui e 47 cv lá.
Ou seja, as motos médias de todo o mundo costumam ser ‘desenhas’ pela legislação europeia e, por isso, dificilmente são pensadas para produzir mais de 50 cv ou 60 cv – afinal, terão de ser limitadas na Europa. Mas e nas motos grandes, onde a potência das motos é obrigatoriamente maior?
Na alta cilindrada, as marcas costumam oferecer duas versões de seus produtos: uma com a potência original e outra limitada a 35 kW (ou 47 cv). E isso acontece até com modelos esportivos ou projetados para entregaram mais de 100 cv. Entre os exemplos, estão as Honda CBR 650R e Yamaha MT 09.