Afinal, quais as diferenças entre a MotoGP e o Superbike? As duas maiores competições da motovelocidade mundial sempre dispertam dúvidas em quem não as acompanha de perto, afinal há muitas semelhanças técnicas e visuais envolvidas.
MotoGP e SuberBike, o que muda?
Embora, de início, seja normal pensar na MotoGP como uma categoria acima do SuperBike, assim como a Moto2 e Moto3, essa comparação foge um pouco da realidade. Uma vez que, ambas as categorias partem de princípios de criação diferentes.
A primeira diferença drástica entre as duas competições está no fato de que a MotoGP usa protótipos de motos, máquinas desenvolvidas especificamente para as pistas – como os carros de F1, por exemplo. Em contrapartida, o SuperBike utiliza as motocicletas de produção, aquelas comercializadas normalmente pelas fabricantes e que qualquer mero mortal endinheirado pode ir à concessionária comprar.
Dessa forma, as motos da MotoGP são projetadas para corridas de circuito, enquanto as do SuperBike são ‘motos de rua’ adaptadas para corridas. Portanto, o conceito das motocicletas parte de objetivos bem diferentes, já que uma é feita apenas para ganhar campeonatos e a outra para atender o público geral.
Vale lembrar também que a MotoGP é também o campo de testes das inovações tecnológicas. Ou seja, muito do que vemos nas motos do SuperBike, comercializadas nas lojas, foram desenvolvidos em algum momento nas garagens da ‘rival’.
MotoGP e Superbike: categorias
Por fim, outra diferença importante. MotoGP e Superbike são as duas categorias máximas de seus respectivos campeonatos, que também têm disputa de motos menores e divisões de o.
A MotoGP é a categoria rainha do Campeonato Mundial de Motovelocidade, a competição de automobilismo mais tradicional do mundo, realizada ininterruptamente desde 1949. Ela surgiu em 2002, substituindo a tradicional 500cc. O evento ainda tem corridas nas 250cc (Moto3), 765cc (Moto2) e motos elétricas (MotoE), sempre trabalhando com protótipos.
Já o Campeonato Mundial de Superbike (ou World Championship Superbike, WorldSBK, WSBK) nasceu em 1988. Hoje está organizado nas categorias WorldSBK (1000 cc), WorldSSP (600 cc) e World SSP300 (321 a 400 cc). Ainda tem largadas da R3 blu cru, divisão de novos talentos da Yamaha. Em todas elas são usadas motos de produção, como Honda Fireblade, Ducati Panigale V4, Kawasaki ZX-6R, Kawasaki Ninja 400 e Yamaha R3. Ainda existem as competições locais de superbike, como o SuperBike Brasil.
MotoGP ou WSBK: qual anda mais?
Partindo do princípio de que a MotoGP busca performance acima de tudo, é natural que ela tenha um desempenho melhor do que o SuperBike. Por isso, as motos possuem motores mais potentes e chassis mais leves. Isso além de aumentar a velocidade máxima final, facilita quesitos como aceleração, frenagem e curvas, em que a moto apresenta mais estabilidade e aerodinâmica. Naturalmente, suas motos são dezenas de vezes mais caras que as usadas no WSBK.
Essas melhorias dão à MotoGP uma margem de 3 a 6 segundos de vantagem sobre o SuperBike. Contudo, o charme do WSBK é justamente ver como as motos de rua das fabricantes conseguem se sair na pista. Uma proposta interessante, parecida com algumas categorias de carros como Porsche Cup e Copa HB20, que testam um modelo já comercializado.
Mas é preciso salientar que embora sejam os modelos de linha correndo no SuperBike, as motos am por uma adaptação que as deixam, obviamente, melhores que os modelos encontrados nas concessionárias. Além de elementos básicos como freios, retrovisores, escapamentos, as motos am por uma adaptação técnica mais profunda, de modo que ofereçam mais desempenho e segurança aos pilotos na pista.
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Diferença gritante no preço
Assim como na pista, a diferença no preço das motocicletas da MotoGP e SuperBike são gritantes. Enquanto modelos como a Honda CBR 1000RR-R SP sai das concessionárias por cerca de R$ 200 mil, na pista do SuperBike, com as modificações, esse valor pode chegar a R$ 1 milhão. Pode parecer muito, até você ver quanto custa uma moto da MotoGP…
Cada protótipo usado na MotoGP custa aproximadamente 3 milhões de euros, ou cerca de R$ 15 milhões. Este é o valor da moto em si, e não das dezenas (ou centenas) de milhões investidos em seu desenvolvimento. Um exemplo: em 2020 a Suzuki aperfeiçoou a GSX-RR, gastando R$ 260 milhões (mas deu certo, venceu a temporada). Outro exemplo: é quase impossível uma queda causar menos de R$ 150 mil de prejuízo, ainda que comprometa apenas componentes básicos como manetes de freio e carenagens. Veja alguns valores surreais da MotoGP aqui.