Criar uma máquina com qualidades suficientes para concorrer com Honda CB 750 e Triumph Bonneville; este foi o desafio que a Suzuki teve que enfrentar em 1970. Seus engenheiros abraçaram essa missão quase impossível, desenvolvendo um produto à altura dos seus concorrentes. Criaram uma motocicleta que se transformou em sonho de tantos motociclistas.
O protótipo da Suzuki GT 750 foi mostrado no 17º Salão de Motocicletas de Tokyo em outubro 1970, sendo que seu lançamento oficial no Japão somente ocorreu em setembro de 1971. A concepção de criação da 750 cc da Suzuki derivou da Suzuki T 500, com a instalação de um cilindro adicional e refrigeração líquida, inovação que as concorrente diretas não ofereciam.
Tratava-se de uma motocicleta equipada com um grande motor TRICILÍNDRICO de DOIS TEMPOS.
O modelo original, vinha com freios a tambor e um pequeno radiador de água, novidade na época.
Sua sigla GT representava “Gran Turismo”, ou seja, foi concebida para a estrada, em viagens de longas distâncias, oferecendo muito conforto ao piloto e garupa. Equipada com 3 carburadores Mikuni de 32mm, oferecia 67 hp a 6.500 RPM.
Em 1973 a GT 750 foi anunciada com a inclusão de vários componentes cromados (como o friso lateral do radiador), chapeamento de cromo extra no motor e dois discos de freio dianteiros de 295mm, item que nenhum outro fabricante daquela época oferecia, representando assim um duro golpe da Suzuki no mercado.
Os esquemas da pintura foram revisados e reduzidos a apenas duas opções para todos os mercados. No ano seguinte a GT 750 ganhou novos carburadores Mikuni de 40 mm e indicador de posição de marchas no , além de outras remodelações estéticas, incluindo as tampas laterais.
No modelo de 1975 os grafismos da pintura outra vez foram revisados, juntamente com os escapamentos que foram elevados a uma maior altura do solo. O motor foi ajustado de forma a oferecer um aumento de potência, chegando a 70 hp a 6500 rpm, o que permitia à grande Suzuki andar em velocidades superiores a 190 km/h (Lembre-se que naquele momento tecnológico da história, essa velocidade era tabu para uma motocicleta de uso urbano). Outra inovação foi o indicador de marchas no , mais um ponto para a Suzuki
O modelo de 1975 foi a plataforma para o lançamento do modelo de 1976, que viria, na opinião dos seus fãs, inclusive esse que vos escreve, a ser a mais bonita versão da GT 750.
Apesar de não poder nem sonhar em comprar uma na época, já que custava muito além das minhas modestas economias, tive a oportunidade de ar mais de uma hora desfrutando de uma igual à da foto ao lado, só que vermelha (em 1976). Emprestei minha Yamaha RD 50 para o dono da Suzuki fazer o exame prático de habilitação no Detran e, enquanto ele fazia o teste, eu desfrutava desse prazer inesquecível.
As surpresas foram muitas: sentir o quanto ela era grande perto do que eu já havia experimentado; que, apesar de ter motor de 2 tempos, não vibrava, como acontecia na RD 350, transmitindo muito conforto ao piloto; que apesar de ser uma moto mais “mansa”, seu motor tinha uma pegada fantástica que obrigava o piloto a se segurar como podia no guidão para não ficar sentado no meio da rua. Curioso mesmo era o seu barulho, praticamente idêntico ao dos antigos DKW (que também eram dotados de motor tricilíndrico de 2 tempos). Andar de moto com barulho de carro foi estranho.
Dados técnicos
Comprimento total: 2.215 milímetros
Largura: 865 milímetros
Altura total: 1.125 milímetros
Distância entre eixos: 1.460 milímetros
Peso seco: 214 kg
Motorização: 738 cc, 3 cilindros em linha, 2 tempos
Potência: 70 cv a 6.500 rpm
Torque: 8,5 kg/m a 5.500 rpm
Infelizmente, como aconteceu com todas as outras motocicletas dotadas de motores 2 tempos, ela também foi vítima da legislação de controle de emissões, que começou fortemente no final da década de 70. Seu último modelo fabricado foi o de 1977, praticamente idêntico ao de 1976, início do forçado abandono da Suzuki na fabricação de motores dois tempos e migração compulsória para os motores de quatro tempos.
Coisa que despertou muito a minha atenção foi o nível de acabamento da moto, nos cromados, pintura, borrachas e plásticos de lanternas e pisca. A qualidade do material empregado era muito superior a tudo que eu já tinha visto, batendo nesse quesito, sob a minha ótica, até à Honda CB 750 da época. A grande Suzuki transpirava luxo por todos os cromados, ou seja, a engenharia da Suzuki não economizou em nada ao concebê-la.
A grande matriarca da Suzuki foi, durante os anos de sua fabricação, referência de design à toda família GT da Suzuki, que contava, além dela, com os modelos GT 125, GT 185, GT 250, GT 380 e GT 550, motos que primavam pelo esmero de acabamento até os mínimos detalhes.