Com visual distante das demais trail médias do mercado, a Himalayan 411 chamou a atenção de todos quando chegou ao mercado brasileiro, em 2018. E logo a caricata aventureira de linhas clássicas se tornaria o maior sucesso da Royal Enfield no Brasil, emplacando quase 900 unidades só em 2020 – deixando a Interceptor 650 na segunda posição, com 819 motos no ano. Mas afinal, o que faz a Himalayan valer a pena?
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Teste com a Himalayan 2021
Chegar perto dela nos causa estranheza, porém, com ela a primeira impressão não é a que fica. Com linhas fora dos padrões das motos atuais ela surpreende no primeiro contato ‘olho no olho’. São linhas retas, quase quadradas, acompanhadas por uma longa bolha transparente, para-lama duplo na dianteira e escapamento grande.
Uma trail raiz
É uma receita purista. O farol é redondo e adota a boa e velha lâmpada halógena – mas conta com Led como espia. As rodas raiadas, aro 21″ na dianteira e 17″ atrás, calçam pneus de uso misto. O motor é de um cilindro, robusto e dono de ronco grave. Priorizando o torque em baixas e médias rotações, o propulsor de 411 cm³ desenvolve 24,5 cv a 6.500 rpm e 3,4 kgf.m de torque a 4.000 rpm. Adequado para a proposta.
Para garantir a diversão longe do asfalto o freio ABS é comutável, ou seja, pode ser desligado para possibilitar o travamento da roda traseira. Além disso, o tanque de combustível tem 15 litros de capacidade para garantir boa autonomia, encorajando pequenas ou médias viagens. E quem gosta de mexer na moto em casa, ao melhor estilo trailzeiro old school, poderá contar com o útil cavalete central.
O que mudou na Himalayan 2021
As novidades foram pontuais, mas positivas. O já citado ABS comutável, que pode ser desligado através de um botão, é uma delas. O modelo também ganhou pisca-alerta (que só funciona com a ignição ligada), além de novas cores e grafismos.
Mas calma, tem mais. O descanso lateral ficou menor e mais inclinado, gerando mais segurança ao estacionar em pisos não planos. Os protetores do tanque estão mais esguios e, assim, pararam de incomodar as pernas do piloto. A proteção do escapamento, próxima ao pedal do freio, também diminuiu para gerar mais conforto. Por fim, o bagageiro recebeu modificações e, reforçado, a até 5 kg.
Como é rodar com a nova Himalayan
Subir nela pela primeira vez gera aquela sensação de que somos velhos conhecidos. Amigável, ela tem posição de pilotagem confortável, fazendo com que nos acostumemos rápido à sua condução.
O guidão tem o tamanho ideal para ar pelos corredores estreitos das cidades, não provoca desconforto nas estradas e os controles são bem posicionados. Inclusive, há lampejador de farol e até um afogador, para auxiliar a partida em locais de frio rigoroso. Já motor entrega sua força de forma linear, sem sustos, trancos ou buracos. Desta forma ela mostra bom torque e, apesar disto, é suave na tocada.
Rodar com a Himalayan na cidade é confortável e seguro, graças à sua agilidade e bom trabalho das longas suspensões (com 200 mm de curso na frente e 180 mm atrás) na missão de engolir os inevitáveis buracos. Além disso, a traseira tem ajuste na pré-carga da mola.
Na estrada a sua tocada é confiante e o motor apresenta baixa vibração. Aliás, o propulsor desenvolve boas retomadas e ultraagens, também sem trancos ou sustos, e sua velocidade de cruzeiro fica próxima aos 110 km/h. Ao ar um pouco disso é possível sentir alguma vibração, perceptível também nos pés a partir dos 120 km/h. Não quis abusar dela, mas atingi 140 km/h com certa facilidade.
O banco, elogiado pela minha garupa, cansa um pouco após algum tempo na mesma posição, mas as pedaleiras levemente recuadas ajudam a manter as costas eretas, amenizando a fadiga. Já a bolha reduz o vento no tórax, mas acaba levando turbulência ao topo do capacete. É claro que isto depende da altura do piloto, mas foi o que aconteceu comigo do alto dos meu 1,73 m.
Bônus – opinião de um segundo avaliador
Na agem da Himalayan 2021 pela garagem do Motonline ela também foi submetida a um segundo avaliador, o colega Ricardo Kadota. Aliás, o Rock tinha vindo há poucos dias de uma longa viagem de moto pelas chapadas brasileiras e Jalapão, na qual registrou imagens incríveis. Confira a aventura aqui.
Para o Rock, o estilo desta trail é polarizador. Há quem ame e quem odeie. Entretanto, o acabamento deixa a desejar e alguns pontos de solda ‘não são dos mais elegantes’. O banco também perde pontos por ser ‘macio demais’, o que gera desconforto depois de algum tempo pilotando. Os espelhos também prejudicam o conjunto por vibrarem demais, dificultando a leitura de quem vem atrás.
Mas há vários pontos positivos, notados numa viagem entre São Paulo e Salesópolis (SP). Posição de pilotagem confortável, peso anulado pelo equilíbrio da moto e motor com vigor para ultraagens são os principais prós do modelo. Para o Rock, as características fazem dela uma boa companheira para grandes centros (pois seu visual retro não chama a atenção dos amigos do alheio) e viagens de final de semana.
Conclusão
É uma boa opção para quem precisa de ‘várias motos em uma só’. Encara bem a buraqueira da cidade, garante conforto na rodovia e mostra intimidade com estradas de terra, tudo isto com e sem garupa. Nossa melhor média de consumo foi de 29,2 km/litro, razoável para a categoria e que tende a melhorar à medida em que o motor vai sendo amaciado.
Na ‘minha’ Royal Enfield Himalayan eu seria um pouco mais criterioso com alguns detalhes, como o acabamento e vedação do – que embaça parcialmente comfacilidade. Além disso, outros detalhes incomodam um pouco, apesar de não desabonarem a moto. É o caso da tampa lateral direita, que não encaixa perfeitamente com o chassi, deixando a bateria aparente.
Agora, a Himalayan é melhor que XRE 300 e Lander 250? Depende dos critérios escolhidos. Como aqui não fizemos um comparativo direto, caberá ao cliente decidir. Para finalizar, o preço: segundo a FIPE, uma Royal zero quilômetro custa, em média, R$ 19.490. Já a Honda sai por R$ 22.448 e a Yamaha é encontrada nas lojas por R$ 19.831 – todos preços da Tabela, claro.
Ficha Técnica Royal Enfield Himalayan 2021 |
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Motor |
Um cilindro, 4 tempos, refrigerado a ar, SOHV
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Capacidade | 411 cm³ |
Diâmetro x Curso
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78 mm x 86 mm
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Taxa de Compressão
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9.5:1 |
Potência Máxima
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24,5 cv a 6500 rpm
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Torque Máximo
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3,4 kgf.m a 4000-4500 rpm
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Sistema de Ignição
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Ignição eletrônica digital
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Embreagem |
Multidisco em banho de óleo
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Câmbio | 5 marchas |
Lubrificação | Carter úmido |
Alimentação |
Injeção Eletrônica de Combustível
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Filtro de Ar |
Elemento Filtrante de Papel
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Partida | Elétrica |
Chassi |
Tubular de aço em formato berço duplo
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Suspensão dianteira
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Garfo telescópico com tubos de 41 mm, curso de 200 mm
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Suspensão traseira
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Monoamortecimento central com link, 180 mm de curso e ajuste na pré-carga da mola por porca-castelo
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Distância entre eixos
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1465 mm |
Distância livre do solo
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220 mm |
Comprimento | 2190 mm |
Largura | 840 mm |
Altura |
1360 mm (com o para-brisa)
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Altura do assento
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800 mm |
Comprimento da balança
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555 mm |
Peso seco | 185 kg |
Capacidade do Tanque
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15 litros |
Pneu Dianteiro
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90/90 – 21 |
Pneu Traseiro | 120/90 – 17 |
Freio Dianteiro
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Disco de 300 mm, cáliper de dois pistões com ABS
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Freio Traseiro |
Disco de 240 mm, cáliper de pistão simples, com ABS comutável
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Sistema Elétrico
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12 volts |
Bateria | 12 volts, 8 Ah |
Farol |
60 / 55 W, Halógena
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Lanterna traseira
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LED |
Preço (FIPE, janeiro de 2021)
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R$ 19.490 |