O Festival Interlagos sacudiu o segmento na última semana e, mais uma vez, o Motonline foi convidado a acompanhar a programação de perto. A ação aconteceu no mais importante autódromo do Brasil, em São Paulo (SP), e consolidou o crescimento deste que rapidamente ascendeu ao rol dos maiores eventos de motos do país. Foi uma experiência incrível, mas que ainda pode ser ainda melhor se aperfeiçoada em alguns detalhes.
Festival Interlagos é um evento de motos único
Se você ainda não o conhece, aqui vai uma descrição rápida do que ele é. O Festival Interlagos é um evento enorme e diverso, que une diferentes experiências em torno do motociclismo. E acontece no Autódromo de Interlagos. Daí as duas palavras que compõem seu nome.
Na prática, une competições (como o Arena Cross), ativações de marcas, comércio de órios e vestuário, shows musicais, presença de personalidades do meio e muitas outras coisas. Todas a poucos metros umas das outras, criando uma grande atmosfera que respira motociclismo. Mas, por si só, isso não faria dele um evento único.
O grande diferencial é a presença das montadoras de motos do país, que escolhem o Festival como local para realizar seus principais anúncios, lançamentos e novidades. Assim, ele acaba, de certa forma, substituindo eventos anteriormente consolidados (como o Salão Duas Rodas). E tem um trunfo sobre iniciativas ‘tradicionais’: o o ao autódromo. E não é uma pista qualquer.
Apesar de não ser consolidado em provas internacionais de motociclismo, Interlagos é a casa brasileira da Fórmula 1. Assim, tem um valor quase mágico para milhões de brasileiros que imaginam acelerar pela reta oposta, curtir o S do Senna ou fazer o Mergulho. E esta experiência é um dos trunfos do Festival sobre outros eventos do setor.
Ou seja, os visitantes podem realizar o sonho de acelerar em Interlagos. Quem sabe, com uma moto que estão pensando em comprar ou que há tempos gostariam de acelerar. Quem sabe, inclusive, com uma moto que acabara de ser lançada naquele mesmo final de semana.
– Veja alguns lançamentos de motos do Festival Interlagos no vídeo!
Como foi o Festival 2025
Desde sua primeira edição, em 2019, o então Festival Duas Rodas mostrou potencial de se consolidar entre os grandes nomes do setor ao apostar num ‘evento de experiências‘. Assim, cresceu rapidamente e acelerou ao ponto de reunir quase 120 mil visitantes em 2024. Agora, certamente ultraou esta marca em 2025, basta apenas contabilizar a apresentar os números.
Mas o evento não aumentou apenas no total de visitantes. A crescente participação das montadoras mostra que Festival se consolidou como o grande momento para apresentações e lançamentos, inclusive dos modelos que chegarão em breve ao mercado. Vide a Honda, que apresentou 8 produtos. Além disso, parece o palco ideal para um primeiro contato de novas marcas, como tivemos este ano com CFMoto e Moto Morini.
O crescimento também é notável na área central da pista, abaixo dos boxes. Aos poucos, novas marcas (de componentes, órios, lubrificantes e até casas de apostas) montam grandes stands no espaço. Inclusive, algumas fabricantes se instalaram lá, como BMW, MXF Motors e Yadea. Outras apresentaram seus lançamentos no Boulevard, mas adicionaram estruturas nesta região, como o museu Honda, a área Off Road Yamaha e a Triumph Store.
Todos estes exemplos e caracteres têm um único objetivo: te mostrar como o evento cresceu das edições anteriores para a 2025. E deve seguir acelerando.
Lançamentos de motos no Festival Interlagos
É provável que você e eu tenhamos um ponto em comum quando se fala em Festival Interlagos: o que mais nos interessa são os lançamentos de novas marcas e motos. E quem elegeu novidades como uma prioridade, certamente não se decepcionou com o que viu.
Destaque para a estreia de novas marcas em nosso mercado, como as já citadas Moto Morini e CFMoto. Além disso, outras fabricantes fortaleceram a sua participação, como Watts e Royal Enfield – que, pela primeira vez, ocupou dois boxes na área principal do evento. Além disso, a indiana ainda viveu dois grandes momentos na pista: abriu a programação (na quinta-feira) e reuniu mais de 1.400 proprietários e entusiastas da marca para um ride noturno. E ainda mostrou a aguardada Guerrilla 450, que aterrissa por aqui em setembro.
Impossível não destacar a presença da Honda, que apresentou 8 modelos que chegarão às lojas nos próximos meses (CB 500 Hornet, NX 500, CRF 300, Transalp 750, Hornet 750, Hornet 1000 e as renovadas Africa Twin e CB 650R E-Clutch). Já as irmãs japonesas Yamaha, Kawasaki e Suzuki lançaram as relevantes XMax 300, Ninja ZX-4RR, Ninja 1100 e GSX-S 1000 GX.
Da Europa, a Triumph lançou sua série Icons e outras novidades, como o dispositivo de navegação Beeline. A BMW, exibiu sua linha completa, com as atualizadas S 1000 RR e R 1250 GS. Já a Ducati mostrou a nova V4S, ao lado da belíssima Streetfighter V4 Lamborghini.
A chinesa Shineray revelou sua nova linha de média e alta cilindrada, SBM, com a qual traz diversos produtos da QJMotor ao Brasil. Já a Yadea revelou novos modelos de autopropelidos, além da interessante moto elétrica Keeness. Por sua vez, a Bajaj apresentou as atualizações nas Dominar 160, 200 e 400, além de antecipar novidades sobre a Pulsar 150. E a Aima também trouxe novidades eletrificadas, em scooters e autopropelidos.
Diversas novidades – e isso que me ative apenas às marcas que participaram das coletivas de imprensa.
Onde o Festival mandou bem – e onde ou reto na curva
Minha avaliação do evento é feita, claro, do prisma de um profissional de comunicação e membro da imprensa – não um visitante, expositor ou patrocinador, por exemplo. Assim, preciso destacar positivamente o modo como o evento está se consolidando na figura de palco para os grandes lançamentos do setor. E houve avanços em vários outros aspectos, como a sala de imprensa, que enfim ou a oferecer boa estrutura suficiente para o trabalho de jornalistas, fotógrafos e produtores de conteúdo.
Mas há pontos que podem ser melhorados. Atualmente, o Festival está longe de ser referência em mobilidade, algo que fica claro ao enfrentar as apertadas escadas para se mover entre as duas áreas em que o evento é realizado – boxes e central do autódromo. Também há poucos espaços de descanso entre os movimentados corredores ou imensa área aberta. Já o setor de alimentação pratica preços nada convidativos.
Além disso, a narração incessante nas caixas de som do Boulevard produz uma poluição sonora incessante e a segurança também poderia ter alguns procedimentos melhorados. Visitei o evento quatro dias e em nenhum momento ei por revista ou detector de metais, por exemplo. Não sou perito ou crítico de organização de eventos, mas estes detalhes me chamaram a atenção enquanto participante da programação.
Festival Interlagos é o maior evento de motos do Brasil?
Depende. Em relevância? Número de visitantes? Test rides realizados? Qual o critério? Existe uma comparação que eu já ouvi diversas vezes e foi recorrente durante o evento novamente: qual é maior, o Festival Interlagos ou o Capital Moto Week?
Para mim, são propostas distintas. O Festival se posiciona como um evento de experiências, onde o grande trunfo é a possibilidade de acelerar no mais famoso autódromo do país e as montadoras apresentam seus próximos lançamentos. É como se fosse uma versão 2.0 e mais interativa do Salão Duas Rodas.
Já o evento de Brasília tem outra pegada. Claro que eles compartilham muitos detalhes (shows musicais, stand de fabricantes, \ativações de marcas), mas bastam 5 minutos no Capital Moto Week para você entender que está em outro universo. É como um grande encontro de motociclistas, onde todos se reúnem em torno da manifestação mais pura do motociclismo: andar de moto. Vai gente do Brasil todo, de outros países, há acampamentos e churrasqueiras ao lado de motos customizadas.
E é possível ter uma noção da diferença dos eventos ao analisar seu número de visitantes. Enquanto o festival reúne cerca de 120 mil pessoas, o encontro atraiu quase 800 mil em sua última edição. Por isso, não acredito que sejam concorrentes, mas que estão acelerando simultaneamente e fortalecendo todo o segmento de motos à sua própria maneira. O meu favorito? Entre os dois, fico com ambos.