O mercado de motos dos Estados Unidos é um dos mais importantes do mundo. Além de sua relevância em números, ele foi determinante para moldar a cultura duas rodas em todo o planeta, num movimento acelerado por seus filmes, séries e músicas.
Os EUA influenciaram a maneira como consumimos motos com seus eventos, competições e marcas locais, criando ícones como a Harley-Davidson. Inclusive, muitas empresas de outros países precisaram criar relevância por lá para só então ascender internacionalmente – até mesmo a hoje intocável Honda. Entretanto, talvez os tempos dourados tenham ficado para trás.
Como é o mercado de motos dos Estados Unidos
Na carona de movimentos econômicos e culturais, o mercado de motos tem mudado rapidamente nos últimos anos. Com as novidades, alguns países perderam relevância, enquanto outros ascenderam – exemplo claro vivido pela Índia, terra de novos gigantes como Hero Motocorp, TVS e Bajaj. Veja 5 fatos que indicam que os Estados Unidos podem estar perdendo seu brilho.
1. Mercado estagnado
Em termos globais, o mercado de motos está acelerando. Em 2023, grandes marcas como Yamaha e BMW cravaram novos recordes de vendas; países como o Brasil cresceram significativamente; e novas potências se firmaram, como a já referida Índia. Até a Europa, um mercado maduro, avançou. Mas os Estados Unidos pararam.
Na verdade, encolheram. Foram 554 mil motos vendidas, configurando 0,4% de queda em relação ao calendário anterior. Assim, o país está ‘na casa do meio milhão de motos vendidas’ há quatro anos consecutivos e parece não ter força para ultraá-la, segundo pesquisa.
2. Um mercado de motos pequeno
Reparou no total de motos vendidas? As 554 mil unidades podem parecer muito, mas só até compararmos com outros países. O Brasil, por exemplo, comercializou 1,58 milhão de motos em 2023. Lembrando que os EUA tem uma população 54% maior que a nossa, bem como uma inegável superioridade em poder de compra. É como se apenas 1 a cada 600 americanos comprasse uma moto.
3. A líder não é uma marca local
A Harley-Davidson é um ícone dos Estados Unidos, verdadeira joia do orgulho norte-americano. Entretanto, este símbolo de poder – que conquistou até Vladimir Putin – está perdendo força. Em 2023, deixou o posto de maior marca de motos do país ao amargar 9,6% de queda. Foi ultraada pela Honda.
Veja também:
- Nasceu clássica? Nova Harley é inspirada em ícone dos anos 1950
- Completas e caras: 5 motos 125 cc que poderiam vir ao Brasil
4. Motos, não! O negócio deles são os carros
Se o mercado de motos dos Estados Unidos parece em crise, o mesmo não pode ser dito dos veículos de quatro rodas. Segundo os dados oficiais, os americanos compraram mais de 15,6 milhões de carros 0km em 2023. O negócio deles são os carros – e grandes.
Sozinha, a Chevrolet Silverado emplacou mais unidades que todas as motos vendidas no país. E olha que ela nem foi a caminhonete líder do ranking, ficando a imensas 250 mil unidades das Ford F-Series. Ou seja, os americanos compraram 27 carros para cada moto negociada por lá.
5. Preferem produtos ‘tradicionais’
Como você sabe, a legislação ambiental veicular dos Estados Unidos está entre as mais brandas do mundo. Assim, por não atender exigências de outros países, há várias motos ‘veteranas’ que são vendidas quase que exclusivamente lá. E o país onde as carburadas ainda têm prestígio parece mesmo curtir modelos, digamos, tradicionais.
Um exemplo vem da Kawasaki. Apesar da japonesa disponibilizar um lineup completo e atualizado – onde ícones como a H2R e Vulcan 1700 dividem espaço com lançamentos como ZX4 RR 40th Anniversary e Ninja 7 Hybrid – nos Estados Unidos, o modelo mais vendido da marca no país é a KLR 650. Sim, a trail famosa por estar nas lojas há quase 40 anos sem quaisquer atualizações profundas.