Resultado de anos de desenvolvimento de peças, trabalho e testes, podemos afirmar que não é fácil criar uma motocicleta. E nem barato. É por isso que as montadoras buscam algumas economias pontuais a fim de que o produto final, mesmo demandando tanto investimento, caiba no bolso do possível comprador.
Motos econômicas demais
Acontece que às vezes as fábricas exageram na medida e acabam privando o motociclista de itens básicos, importantes para sua comodidade e que estão disponíveis mesmo em versões mais simples. Bora ver alguns exemplos de motos que acabaram ‘simples demais’ em alguns aspectos?
1 – Yamaha Fazer 150 e Crosser sem relógio
Há cerca de dez anos a Yamaha precisava reagir ao sucesso da principal rival nas motos de baixa cilindrada e apresentou a Fazer 150. Motor inédito, acabamento de alto nível, cores e grafismos que casavam com o novo visual. Bela moto.
Uma de suas apostas estava no design e por isso o modelo ganhou um completamente novo, que equiparia a XTZ 150 Crosser a partir do ano seguinte. Tinha uma funcional tela em LCD, um grande conta-giros e nível de acabamento superior ao da Honda. Só esqueceram do relógio. Alguns anos e muitas reclamações depois, as Fazer e Crosser receberam o equipamento.
2 – BMW sem marcador de combustível
A GS 650 é um dos principais sucessos da história da BMW. Inclusive nas pistas, com duas conquistas no rali Dakar, entre o final dos anos 1990 e início dos 2000. Conhecida do público desde 1993, anos mais tarde o modelo receberia uma merecida atualização para ficar mais algum tempo no mercado. Foi em 2011.
A nova G 650 GS tinha visual inspirado nas irmãs maiores e recebeu uma belo pacote de itens de série, alguns quase luxuosos. Tinha aquecedor de manoplas, tomada 12v (ainda que mal localizada, sob o banco) e até ABS comutável, que podia ser desligado na roda traseira. Mas e o marcador de combustível? Esse não. A ‘tecnologia’ jamais foi empregada ao modelo, que saiu de cena em 2016.
3 – Himalayan com afogador
A Himalayan chegou ao Brasil em 2019, causando uma série de impactos. O primeiro foi visual, claro, diante do design cheio de identidade do modelo. Já entre as demais estava a… espera, aquilo no guidão é um afogador?
Sim, é. Mesmo com injeção eletrônica, o modelo possui um afogador (lembra deles? Têm a missão de ajudar a partida e a frio e ‘esquentar’ a moto antes de colocá-la para rodar), desnecessário graças ao sistema da injeção. Isto pode significar que componentes seriam reaproveitados para outros modelos mais simples, carburados, e acabaram equipando motos injetadas também.
4 – Motos ‘’ com chave comum
ABS adaptado para curvas, suspensões ajustáveis eletronicamente, infinitos mapas de potência e controle de tração, cruise control, iluminação full LED, para-brisa elétrico. Estes são só alguns dos itens de série presentes em muitas motos , como big trail.
Acontece que algumas acabam deixando itens quase básicos, encontrados até em modelos muito mais baratos, como scooter de baixa cilindrada. É o caso das concorrentes Triumph Tiger 900 e Honda Africa Twin 1100, que não tem chave por presença (smartkey) mesmo em suas versões topo de linha.
5 – Motos sem cavaletes e outros itens de manutenção
Silenciosamente, ao longo do tempo as motos 0km foram barateando seus itens de série voltados à manutenção, especialmente nos modelos de entrada. Um dos afetados foi o kit de ferramentas, cada vez mais econômico.
Outro componente quase dizimado neste movimento foi o cavalete central. Presente em raras representantes da baixa cilindrada atualmente, exige que o dono faça a instalação de um equipamento paralelo se quiser fazer manutenções simples da moto em casa, como engraxar a corrente sem ar apertos.